O mundo de Mama
Por Mônica França - 13 de Julho de 2021
Olá, seja bem-vindo a mais um episódio de Minako. Rola a tela e leia mais um pouco sobre a saga do nosso escritor.
O mundo de Mama
Mal pude acreditar naquela declaração. Fiquei tão perplexo ao ponto de despertar. O que eu realmente encontrei?
Ainda deitado na cama e encarando um teto envelhecido e manchado, era possuído pela ideia de ter feito um pacto com uma criatura demoníaca. Minako não era deste mundo e agora eu mesmo era incapaz de viver de maneira natural no meu próprio mundo, distante dela e daquele rádio sobrenatural.
Bom, não adianta ficar deprimido, pensei comigo mesmo. Saltei da cama e fui para o banheiro. Preparava uma torrada com manteiga na frigideira ao ouvir um gemido ecoar pela cozinha. Franzi o cenho na intenção de apurar meus sentidos e não ouvi sequer o som de um alfinete cair ao chão. A fumaça dançava acima da frigideira e minha torrada ficou bem passada. Tirei o queimado com a faca e engoli meio a contragosto o pão amargo. Não gosto de desperdiçar comida.
Sem nenhum plano pela manhã, decidi passear pela cidade. Assim que encaixei a chave na fechadura, o rádio tocou uma melodia densa, angustiante e solitária. A maior parte da minha disposição para o passeio foi destroçada pelas notas tristonhas e corrosivas. Suspirei e fui em direção ao rádio. Eu já não me assustava com seu temperamento polarizado de liga e desliga quando quer. Também não me incomodava mais o fato dele funcionar sem energia elétrica. Era um rádio intrigante, eu acho.
Fitei o aparelho por algumas horas e não houve mais nenhum ruído, não vocalizava sequer estática. Sem esperança de ouvir qualquer coisa, caminhei para a sala e me sentei no sofá. Ao silêncio crepuscular quase adormecia quando ouvi um murmurinho. Abri os olhos aos poucos e, entre uma piscadela e outra, pude entrever a silhueta de Minako parada em minha frente. Antes que eu pudesse formar um pensamento coerente em minha mente, ela tocou minha testa e fui transportado para o outro mundo.
O mundo onde a história de Mama seria contada…
