Rádio Café – O fantasma da Vila parte final
Por Mônica França - 17 de Dezembro de 2020
Após eventos pandêmicos regressamos para um último café em 2020. Puxe uma cadeira, pegue uma bebida e aprecie um conto.
-Bom dia! Há quanto tempo não nos víamos.
-Sim, esse distanciamento social está me enlouquecendo.
-Vai querer o de sempre?
-Claro.
-Pronto, seu expresso com pão de queijo está servido. Vou ligar o rádio.
-Certo.
Estamos de volta com mais um Eu não tinha o que fazer e fui escrever. Contamos com a participação de nossos ouvintes no quadro Conte seu conto em um de nossos selos temáticos Madness, Memories, Erotics, Horror ou Fantasy. Hoje teremos a participação de Mei Lin Mei com seu conto O fantasma da Vila parte parte final pelo selo Horror. Sem mais delonga, vamos a mais um Conte seu conto.
Para meu desespero, notei alguns dedos agarrando a borda da cortina sob a luz da lua. A respiração quase em suspenção mantinha em mim somente as funções essenciais de sobrevivência. Ainda não conseguia mexer meu corpo, entretanto a cortina era remexida por aquela mão misteriosa.
Os dedos alongaram-se até abraçarem a cortina como uma algema apertada e, para meu desespero, pude ver a silhueta de uma cabeça me espiando. Meus olhos arregalados mal tinham condições de piscar e minha respiração superficial não me permitia gritar de horror. Encarei a criatura sombria cujo corpo saía detrás da cortina para grudar suas mãos na parede em frente à minha cama.
Em pânico, observei aquele ser fantasmagórico escalar a parede de uma maneira aracnídea, deixando um rastro negro atrás de si. Enquanto lutava para mexer meu corpo paralisado, a monstruosidade terminara a escalada e se preparava para caminhar pelo teto. O coração galopava em meu peito e dava a sensação de que fugiria pela minha boca a qualquer momento. O ar estava ainda mais difícil de respirar e eu comecei a sufocar.
Um som agudo dominou meus ouvidos e por alguns instantes ecoou como um zumbido ensurdecedor. Cansada de lutar, desisti de forçar meu corpo em busca de uma saída. Fitei o teto, a criatura pairava sobre mim prestes a me possuir como um demônio. Ela insistia em dizer alguma coisa que eu era incapaz de entender. O ser diabólico flutuou sobre mim até quase encostar a face disforme na minha e voltou a repetir seu mantra. Foi somente no derradeiro instante de consciência restante que ouvi com clareza as palavras “Cadê o meu marido!”.
E chegamos ao final de mais um Conte seu conto. Agradecemos a participação de Mei Lin Mei com o final de sua história. E esse foi o Eu não tinha o que fazer e fui escrever de hoje. Até nosso próximo encontro, queridos ouvintes e escritores.
-Já acabou?
-Sim, acho que vou embora para trabalhar um pouco mais em meu livro.
-Claro. Estou bastante ansioso para ler seu texto.
-Então, darei o meu melhor.