Rádio Café – O Fim
Por Mônica França - 1 de Fevereiro de 2021
Este é nosso encontro final na Rádio Café, mas não se preocupe, continuaremos a nos encontrar em nosso rádio especial. Por isso, puxe uma cadeira e sinta-se à vontade para apreciar sua bebida favorita acompanhada de uma boa história.
Estivemos juntos por um tempo e algumas imagens da nossa cafeteria ficarão em nossas lembranças. Por exemplo, uma lua diferente.
Uma vampira.
Ou uma fantasma.
A cafeteria Rádio Café encerra suas atividades com tantas outras cafeterias nesta fase difícil de pandemia. Contudo, temos uma surpresa para vocês. Vamos ao acontecimentos que antecedem o novo formato da nossa rádio de contos.
Será o fim?
Hoje fiz a última visita ao meu café preferido. Não poderei mais apreciar este expresso com pão de queijo! Assim, prolonguei ao máximo a degustação do café especial fumegante a minha frente. Goles espaçados acompanhados por mordidelas no pão de queijo macio e morno adiaram a despedida e a sensação de adeus iminente. O rádio não sintonizava a estação de contos e uma canção melancólica preenchia a cafeteria, tornando minha derradeira xícara de café mais tristonha. Paguei a conta e disse adeus ao rosto familiar ao qual me acostumara e quando caminhava para a saída fui interrompido. Ele veio ao meu encontro com o rádio em suas mãos. Não trocamos nenhuma palavra. Ele estendeu o aparelho em minha direção e eu o recebi como a um tesouro precioso. Sorrimos pela última vez e eu parti com uma lembrança inestimável da Rádio Café. Deixei meu novo rádio no balcão da cozinha e fui para o escritório, esquecendo-o por algumas horas. Após longa tarde de trabalho me reencontrei com o inusitado e querido aparelho. Desejoso em sintonizar alguma estação, pluguei o fio na tomada e girei o botão. Uma estática monótona fazia ruído em minha cozinha. Lembrei do rumor que dizia que a estação de contos só pegava nesse rádio e agora acredito que apenas na Rádio Café. Desliguei o aparelho e fui tomar banho.
Estava dormindo quando fui despertado por um som. Esbugalhei os olhos. O som soava agudo e parecia vir de outro cômodo. Tremendo, levantei da cama me forçando a ser corajoso e caminhei pé ante pé até a origem daquilo que me despertara. Paralisei estagnado ao ver uma luz tremeluzir em meio à escuridão da cozinha. O que era aquilo?