Quero ouvir a sua voz
Por Mônica França - 3 de Março de 2021
Voltamos com mais um episódio de Minako. O que fará nosso escritor após o silêncio do rádio?
Quero ouvir a sua voz
Encarei o teto da sala até adormecer.
Acordei após o meio-dia em uma casa totalmente muda. Já não sentia medo da experiência vivida com o rádio. Sacudi a cabeça, talvez eu estivesse padecendo de solidão. Afinal, quem em juízo perfeito ainda manteria o aparelho amaldiçoado em casa? Suspirei ao lembrar da cafeteria e seu barista tão amigável. Enfim, fui tomar um banho para espairecer.
Passadas algumas horas, fui para a cozinha pois estava faminto. Preparei uma omelete de legumes e sentei-me a mesa. “Seria ótimo ouvir uma música ou mesmo uma história agora!”, exclamei sem perceber. Terminei de comer e enquanto lavava a louça, uma suave melodia estimulou minha audição. Instintivamente olhei para o rádio e pensei vislumbrar uma tênue luz emanando do aparelho.
Um misto de ansiedade e euforia tomou conta de mim. Puxei uma cadeira e me sentei em frente ao aparelho fitando-o com expectativa. Fiquei assim por algum tempo. A luz fugaz continuava a brilhar, o que alimentava a minha esperança de ouvir a voz de Minako. A casa estava tão silenciosa quanto um sepulcro. Aproximei meu rosto do rádio, mas foi em vão. Como não havia nenhuma mudança há horas, tomei coragem e perguntei por Minako.
“Minako, cadê você? Quero ouvir sua voz, Minako.”
